Do
Brasil para o mundo, a Sabó aposta em tecnologia
Multinacional que desenvolveu sistema de vedação dos
câmbios automáticos da GM tem meta de faturar US$ 500
mi em cinco anos
Luciana Camargo Nunes
Aos 69 anos, a Sabó
fez um caminho próprio: expandiu suas fronteiras e não
parou de crescer. A multinacional brasileira com plantas em países
da Europa, além de EUA, China e Argentina agora foca na
antecipação de tendências como estratégia
para ir além. “A Sab[o tem como grande meta estar
presente nos centros de desenvolvimento das grandes montadoras,
desenvolvendo as soluções de sistemas de vedações
no nascimento dos novos motores, transmissões e diferenciais”,
explica Lourenço Agnello Oricchio Junior, diretor geral
da Sabó Américas.
Um exemplo muito
bem sucedido de elaboração de novos produtos nasceu
da necessidade da HM americana em produzir carros mais econômicos,
como um dos pilares do plano de recuperação junto
com o governo norte-americano. A Sabó desenvolveu com a
GM, Pontic e Warren retentores, juntas e BPS (bonded pistons seals)
das transmissões de seis velocidades que geram economia
de combustível de 17% em relação ás
caixas de quatro velocidades utilizadas anteriormente.
A sabó desenvolveu
as vedações (retentores, juntas e bonded pistons
seal) das transmissões X-23 (carros pequenos), X-22 (carros
médios e crossvers) e X-30 (do elétrico Volt) desde
o início com a GM, Pontiac e Warren. Essas transmissões
hoje são fabricadas pela GM no México, EUA, Coréia,
China e Canadá e pela Ford no México e EUA.
Atualmente equipam
carros pequenos e médios de GM e Ford vendidos na América
do Norte, como Aveo, Malibu, Cobalt, Cruze, Volt, Fusion, Focus,
Edge e Fiesta, entre outros. Viraram tendência, segundo
Oricchio, e vão equipar. Por exemplo, o Chevrolet Cruze
brasileiro com parte dos componentes vinda dos EUA e México.
Captiva e Fusion vendidos no Brasil já trazem esse câmbio
automático.
Na Europa, a Sabó
desenvolveu sistemas de vedação do motor EA-111
(que equipa linha Gol, Fox e Pólo) junto com a Wolkswagen
em Wolfsburg, desde o nascimento desse motor na Alemanha. “Quando
veio para o Brasil ele já carregava as vedações
aprovadas e prontas para serem fornecidas para a Volks. Hoje estamos
trabalhando junto com VW Wolfsburg e Audi Ingolstadt nos desenvolvimentos
dos novos motores que estarão nos mercados europeu, sul
e nortes americanos nos próximos cinco anos”, afirma
Oricchio.
Há quatro
anos, a Sabó participou do projeto de uma peça para
o mercado japonês com o objetivo de contribuir com o meio
ambiente. Concorrendo com mais 22 empresas mundiais avaliadas
no Japão, a Sabó ficou entre as destacadas e foi,
então, convidada para estabelecer seu escritório
técnico-comercial no país. O item desenvolvido é
uma peça que ligada à injeção eletrônica
reduz significativamente a emissão de CO2 (dióxido
de carbono).
Na América
do Sul, a Sabó detém participação
em torno de 75% em vedações e no mercado europeu,
40%. Nos EUA, a meta é aumentar o market share de 2% para
8% nos próximos cinco anos, e também crescer na
Ásia com sua planta na China. “O grande segredo será
alcançar o equilíbrio de vendas nesses mercados
com um rentabilidade adequada”
Atualmente a Sabó
conta com plantas no Brasil, Alemanha, Áustria, Hungria,
Argentina e EUA. A mais recente, aberta em 2009 na china é
dedicada a clientes OEM locais como a VW chinesa, entre outros,
além de centros técnicos comerciais no Japão,
França e Inglaterra. “No início de 2012 estaremos
fornecendo vedações para 11 mil transmissões
ao dia (2,64 milhões ao ano). Hoje fornecemos 8 mil transmissões
diárias (1,92 milhão ano anuais). Somente para essas
caixas X-22 e X-23, o crescimento de fornecimento de retentores
e juntas será na ordem de 38% durante o o ano de 2011”,
cita Oricchio.
Mercados –
No Brasil suas vendas são distribuídas em 35% para
montadora na América do Norte, América do Sul, Europa
e Ásia e 35% para o mercado de reposição
(detém 80% do market share na América do Sul). “A
tendência é que as fábricas da Sabó
estrategicamente localizadas mundialmente abasteçam os
seus respectivos mercados. Nessa linha, as exportações
da Sabó Brasil diminuirão ao longo dos próximos
anos”.
Segundo Oricchio,
o grande foco da empresa no Brasil é estar preparado para
o salto de produção e vendas de veículos
no mercado sul-americano de 3,7 milhões em 2011 para 7,5
milhões de carros em 2015. Para isso, prevê investir
cerca de US$ 100 milhões nos próximos cinco anos
em todo o grupo, deixando 40% do montante direcionados ao Brasil.
Para este ano a empresa
brasileira prevê atingir faturamento na ordem de US$ 270
milhões, com exportações diretas de US$ 30
milhões. A meta é chegar aos US$ 500 milhões
em toda a América do Sul em 2016.
Competitividade –
A questão da competitividade da industria brasileira preocupa
Oricchio. “O assunto é muito complexo, porém
precisa ser encarado e resolvido rapidamente. Nos próximos
cinco anos, o mercado sul-americano terá um nível
muito grande de crescimento. E a competitividade é um ponto
de atenção nesse momento, tem grandes pilares de
sustentação, como impostos em cascata cobrados sobre
a produção de produtos que fazem com que os custos
fiquem proibitivos. Os impostos sobre investimentos produtivos
cobrados hoje no Brasil prejudicam e dificultam os novos investimentos”,
argumenta o executivo. “O rate entre dólar e real
em nível de R$ 1,60 prejudicam a importação
de autopeças e componentes. Os encargos salariais geram
custos de mão de obra muito altos para autopeças
e montadoras. A Sabó vem trabalhando muito forte nos últimos
anos e continuará no aprimoramento do processo produtivo
e de melhoria de competitividade, buscando a nossa consolidação
dentro da cadeia de supridores dos etor automotivo mundialmente”.
Oricchio ainda revela
que existem vários desafios que a Sabó vem encarando
para se tornar ainda mais robusta na cadeia de fornecedores automotivos
globalmente: desenvolvimento tecnológico dos produtos atuais,
do processo produtivo e de novos produtos que virão no
futuro (exemplo, as placas do motor fuel cell). E ainda: a detecção,
desenvolvimento e retenção dos seus talentos mundiais,
atingir competitividade mundial dos produtos, algo fundamental
para a sua sutentação dentro da cadeia de fornecedores
automotivos.
Fonte: Automotive News Data: Maio 2011